Terra à vista

"Eu que fabrico o futuro como uma aranha diligente. E o melhor de mim é quando nada sei e fabrico não sei o quê. Eis que de repente vejo que não sei nada. O gume de minha faca está ficando cego? Parece-me que o mais provável é que não entendo o porque o que vejo agora é dificil: estou entrando sorrateiramente numa realidade nova para mim e que ainda não tem pensamentos correspondentes, e muito menos ainda alguma palavra que a signifique. É mais uma sensação atrás do pensamento".
                                                                                                                                  Clarice Lispector

Histórico do Teatro em Santarém

O TEATRO EM SANTARÉM

A Cultura Teatral em Santarém – se registra historicamente que, durante o ciclo áureo da Borracha na Amazônia, foi construído na cidade santarena, em 1896, o Teatro Victória. Foi mais de um ano de trabalho, tendo à frente um grupo de pessoas denominado “Clube Dramático”, composto por “alguns cidadãos importantes da localidade”, conforme afirma o Prof. Wildes Dias da Fonseca (1997).Alguns anos depois de inaugurado o Teatro Victória, o “Clube Dramático” encerrou suas atividades, entregando o Teatro à Intendência Municipal (Prefeitura), que passou então a chamar-se “Teatro Municipal Vitória”.As atividades no Teatro Vitória continuaram com grupos que vinham de Belém, do Sul do país, do estrangeiro, e ainda com os grupos amadores de Santarém, sempre de curta duração, como: “Grupo Cênico” (1914); “Grupo Cênico do Tapajós Futebol Clube” (1917); “Grupo Cênico Manuel Guimarães” (1925); “Grupo Cênico Ideal” (1935) e o “Grupo Cênico do Centro Recreativo”. Em 1936 um grupo de amadores encenou “Olho de Boto”; musical de Felisbelo Sussuarana e Wilson Fonseca, encenado pelo terra Firme em 1999.O Teatro Vitória passou por três restaurações sem sofrer agressões na sua linha arquitetônica original. Uma em 1917, outra em 1925, e mais outra em 1933. Em 1965 o Teatro necessitava de mais uma reforma, “e é quando o desfiguram por completo” (FONSECA, 1997) e o transformam em prédio para outras utilidades, menos para teatro. Hoje, ali funciona, a Secretaria Municipal de Educação.Nos anos 50 e 60 há um movimento teatral que se apóia nas escolas, conforme depoimento do artista plástico santareno Laurimar Leal. Dentre elas, podemos citar o Teatro do Colégio São Francisco, Colégio São Raimundo, Colégio Dom Amando e Colégio Santa Clara. Também havia alguns barracões, como o “Campo Feliz”, onde havia ensaios e apresentações de pássaros, bois, pastorinhas, comédias e “danças de pretos”.Na década de 60 foi construído o Teatro Cristo Rei, na Avenida Barão do Rio Branco, sendo desativado nos meados da década de 70. Nos anos 70 e início dos 80 havia o Grupo de Teatro Tapajós, formado por estudantes do Colégio Álvaro Adolfo da Silveira e outros jovens da cidade. Em 1974, foi construída a Casa da Cultura, local que até hoje é utilizado como casa de espetáculo para o teatro.A partir do final da Ditadura Militar (final dos anos 70 e início dos anos 80) e com o aparecimento dos movimentos popular, ecológico e sindical, surgiram também as manifestações culturais na área da música, da poesia e do teatro, ligados à Igreja Católica. Com suas apresentações faziam críticas sociais dentro dos seus espaços. E assim refloresceu o movimento cultural santareno.